que tiveram o privilégio de desfrutar desta terra aprazível antes da chegada da dita “civilização” – era até Fevereiro um pontinho mínimo que assinalava um conjunto de condomínios fechados a 14 quilómetros da conhecida Praia do Forte. Múltiplas casas de férias, muitas delas cobiçáveis, de brasileiros mas também de italianos, alemães e alguns portugueses, ficam no caminho de acesso ao recém-inaugurado resort de cinco estrelas. Do lado oposto só há o mar, uma praia debruada por coqueiros, que, não sendo privada, é quase como se fosse, dada a distância que é necessário percorrer ao longo do areal para aqui chegar.
Salvador à Praia de Mangue Seco, já na divisão com Sergipe –, é agradavelmente cálida. O mar interminável pela frente, quilómetros de areal de ambos os lados... Não fosse a proximidade, poucos metros atrás, do resort e a sensação seria a de um Robinson Crusoe no imenso sossego da sua ilha privativa.
Entre planos para copiar as caminhadas alheias e descobrir o transporte para a aldeia alternativa já visitada por celebridades, o corpo dá sinais de si, com o estômago a pedir especial atenção. Tem sorte, pois o pequeno-almoço está a poucos passos da frente de praia, quase com 500 metros, e é o que se quiser, dos sumos de frutas tropicais aos ovos britânicos, tudo com um sabor irrepreensível como, aliás, a restante comida do resort. O almoço ainda fica mais perto: é servido no restaurante colado à megapiscina, que termina a escassos metros da praia, e a oferta também prima pela diversidade. Saladas, pratos feitos na hora, comida baiana, saborosa mas pesada, doces regionais – tudo instiga ao pecado da gula e obriga às tais caminhadas pela praia, a uma visita ao ginásio, aos campos de ténis ou a passeios de bicicleta.
um cenário preferencial: o também delicioso aconchego do quarto, quanto mais não seja para escapar ao sol nas horas especialmente problemáticas. Espaço não falta, do alojamento em si – generoso nos quartos superiores mas, sobretudo, dos três chalés master suite, os melhores de todos, situados perto da praia e dotados de sala, cozinha e banheira de hidromassagem – à cama, mais do que desafogada e confortavelmente fofa.A rede da varanda faz-lhe concorrência, pelo ar livre, pela vista e porque permite observar o voo dos passaritos locais, como que pardais mas de cauda mais comprida, ou eventualmente um mico, o mais pequeno de todos os macacos, espécie antes desaparecida deste território, mas que regressou com a abertura do hotel.
Mesmo que custe abandonar o conforto do resort para dar uns passeios, há que fazê-lo. Voltar a casa sem explorar outras paisagens e conhecer mais gentes está longe de ser um desperdício, mas também não é, certamente, a melhor das opções.Há uma outra forma de vida para descobrir e está mesmo ali ao lado, na Praia do Forte. Numa passagem relativamente fugidia não é possível perceber quem são aquelas pessoas, de onde vêm e para onde vão, mas fica-se a saber que são extremamente afáveis, parecem, e fazem-nos, felizes. A vender artesanato, vestuário, Havaianas (se quiser esconder a identidade nunca peça desconto porque vêem logo que é português...), a disponibilidade para receber o turista, provavelmente uma actividade cansativa, é imensa. Alguns jogam dominó à séria, com as peças a bater com força sobre a mesa pública, impávidos e serenos face a quem passa a meio metro de distância, outros juntam-se para tocar e cantar, numa qualquer esplanada, temas também bastante conhecidos deste lado do Atlântico. Dois dedos de conversa é o que falta para uma viagem mais vivida e estão ali mesmo, à disposição.
baseada no romance de Jorge Amado, que o escreveu na Praia do Buraquinho, nos arredores de Salvador –, à aldeia hippie de Arembepe, já a caminho da capital baiana, mais “mundos” se revelam ao longo da Costa dos Coqueiros. Um deles, desta feita natural, é o da vasta praia de Massarandupió, um paraíso de águas calmas e quentes verdadeiramente perdido, pelo menos até que, diz-se, um grupo português, que adquiriu uma vasta extensão de terreno e pretende construir sobre as dunas, consiga os seus intentos.Continuando a pé, chega-se a uma das poucas praias brasileiras de nudistas, mas de regresso ao carro é possível dar de caras com situações ainda mais inesperadas: vários cavalos que surgiram do nada para pastar por detrás da duna, uma pequena lagoa que serve para lavar a Honda há pouco avistada na praia e, de seguida, para um banho do próprio motoqueiro.
na vizinha Praia do Forte (http://www.forterentacar.com.br/). Uma viatura de Categoria C (como um Opel Corsa) com ar condicionado, seguro e taxas e sem limite de km custa R$153/dia, mais R$30 para entrega e devolução no resort. Se quiser motorista paga R$240,75 por oito horas, mais despesas relativas ao veículo, como o estacionamento. No próprio hotel, a PrivêTur assegura os transferes para a Praia do Forte (por R$15 ida e volta; de táxi cada percurso custa R$30, mas há quem tente cobrar R$50...) e promove diversos passeios: visita a Salvador (R$130); a Cachoeira, cidade histórica situada a 116 km da capital, passando por Santo Amaro, em que um dos atractivos turísticos é a casa de Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia (R$120); ao Morro de São Paulo, conhecido pelas suas praias de águas translúcidas (R$200); ou a Mangue Seco (R$120).Compras
Na Praia do Forte há múltiplas lojas onde comprar souvenirs. Na Pietra Rara encontra colares e acessórios que combinam pérolas, corais, âmbar e pedras brasileiras com sementes ou madeiras. Para encontrar t-shirts originais vá à Yellow Cat, marca que tem como slogan “sua camiseta com sete vidas”. O design é atractivo e o preço não é excessivo (desde R$30). Outra loja diferente é a Gatos de Rua (http://www.wbk.com.br/). Vende peças de design de Beto Kelner, feitas de metal e missanga, que representam gatos e lagartos. A oferta, não propriamente barata, inclui bolsas e peças de vestuário. O nome da loja designa um projecto social: Beto ajuda crianças desfavorecidas a descobrirem os seus dotes em trabalhos manuais. Na Cobras e Lagartos http://www.cobraselagartos.com/), vai ter de tirar os chinelos, pois o revestimento do chão é feito de tecidos! Vende desde bonecos a tapetes, almofadas, pufes e carteiras, todas do mesmo material.
Informações úteis
Indicativos: 0055 (Brasil) + 71 (Salvador)Moeda: real (R$). Um real vale cerca de 34 cêntimos (€1 = R$2,91).Diferença horária: menos quatro horas do que em Portugal continentalSegurança: A região é segura, mas é óbvio que não convém exibir sinais de riqueza. Assim sendo, fora do resort, não faça como muitos portugueses, que sacam de um monte de notas de R$50 para pagar um simples lanche.
Outras informações: http://www.bahia.com.br/
Texto de Teresa Frederico e fotografias de Paulo Esteves/BCImagens

9 comentários:
Deve ser sina minha ser a 1ª a comentar os vossos artigos:)
Mais uma pequena delícia para a qual somos transportados. E bem barata, pois vaiajamos sem sair de casa:)
Um dos meus sonhos, essa viagem até ao outro lando do Atlântico. Pode ser que um dia se proporcione...
Beijos
Parecem imagens saídas do paraíso. Então essas praias...
Belíssima escolha, num daqueles recantos que convida ao sossego imediato. Stress, qual stress?
Belo destino, num cenário paradisíaco, apetecível, mas infelizmente algo longe da minha bolsa:)
Agora essa praia e esse hotel, nesse Brasil que tantos nos diz, é mesmo o meu destino de eleição.
O meu destino de lua-de-mel já está escolhido, e os culpados são vocês:)
Beijos
Lindo texto, com umas fotos que nos fazem sonhar. Esse é o vosso mérito. Levarem-nos a passear, vezes sem conta, pelo Mundo fora.
Beijos
Ai o Brasil...
Essa terra magnífica, onde parece que Deus se divertiu a criar tantos motivos de extase. Belo artigo, que se lê de um só folêgo.
Cumps,
Amigo Paulo, mais uma maravilha que nos traz, cheia de encanto. É deixarmo-nos ir nessas palavras que nos levam a recantos mágicos.
Abraço,
É um destino de sonho para muitos portugueses. Eu cá estou a pensar lá ir para o ano, se tudo correr bem. A Bahia parece-me uma excelente opção.
Beijos
O que dizer mais? Apenas isto:
É O MEU PAÍS!!!
E que belo ele é...
O Eden terrestre. Sem tirar nem por. Fabulosa terra!
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