Reaberto em 2015, com a mesma Gerência

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Foto(s) do Mês

Este mês, e porque provavelmente serão as últimas, não temos 1 mas sim 3 fotos do mês!
Uma foto fantástica da praia de Vieira de Leiria, tirada pelo amigo Raúl Coelho, e dois lindíssimos postais de Maragogi, da autoria da Madalena!


sábado, 20 de outubro de 2007

The Lake Resort

Sim, o hotel do mês fica no Algarve. E antes que alguém comece a achar que tenho algum tipo de fixação pelas terras mais a sul do País, convêm esclarecer que só em 2004 rumei para lá, em busca de sol e um pouco de paz. Numa dessas estadias, em Vilamoura, deparei com a construção, junto da praia que frequentava - Praia da Falésia - de [mais] um empreendimento hoteleiro. O aspecto inicial não enganava: estava ali a nascer um pequeno oásis de bom gosto e comodidade. Não me equivoquei, como podem constatar facilmente...

Em pleno coração de Vilamoura, ao lado da Marina e de frente para a praia da Falésia, existe um lago. Aqui os corpos ancoram, a imaginação parte à descoberta e os sentidos viajam pelos cinco continentes!


Num formato pouco comum em território nacional, o The Lake Resort integra um hotel de cinco estrelas com 192 quartos, 95 apartamentos de luxo, três piscinas exteriores, um spa, três bares, três restaurantes, sala de chá, biblioteca, boutique e espaços para conferências e exposições. Números impressionantes, sem dúvida, mas não é na frieza dos algarismos que o mais recente empreendimento turístico do Grupo Amorim mostra todos os seus encantos. É quando se observa e sente a magnitude do cenário no qual se está envolto que este verdadeiro oásis no Algarve se transforma e mostra a sua verdadeira essência.

Fica mesmo em frente à Praia da Falésia; ao lado da marina e dos seus iates; a dois passos do casino e dos campos de golfe; e a um salto das habituais festas da noite algarvia e das enchentes de Verão. E ainda assim consegue levar-nos numa viagem diferente, locomovida pela história e pelas estórias, polvilhada de sabores e paladares, e salpicada de imagens e aromas que delas emanam. De outros continentes, de outros povos. Mantendo-nos em contacto com as coisas mais básicas e, porventura, mais transcendentes da vida: o azul do mar e do céu, e o verde da natureza.

O primeiro truque ou passo de magia, digamos assim, é a envolvente que rodeia o hotel. Estamos dentro de Vilamoura e, simultaneamente, num lugar desconhecido. A paisagem é dominada por um lago de águas calmas, rodeado por relva, palmeiras, bambu e laranjeiras. Um lago no qual não se pode mergulhar, mas que tem nas margens caiaques para aqueles que quiserem contemplar o cenário e absorver a tranquilidade. Para o refrescante banho, existem três piscinas. Uma é aquecida, ideal para banhos ao fim da tarde, e outra tem o fundo em areia – única em Portugal – e faz a forma de uma baía natural, numa criação do homem que em nada fica a dever à Mãe Natureza. Tudo isto entre dezenas de espreguiçadeiras, cadeiras e mesas, e com o Blue Lagoon, um bar em madeira ao melhor estilo das Caraíbas, pronto a saciar a sede e acalmar os corpos com sumos naturais e bebidas para todos os credos.

Quartos com vista

Na hora de optar definitivamente pelo conforto do quarto, o The Lake Resort coloca à disposição dos hóspedes o mesmo nível de qualidade, requinte e cuidado com os pormenores. Todos têm varandas privativas e uma pequena mesa, onde pode tomar um pequeno-almoço mais intimista, ou confidenciar ao silêncio da noite os últimos pensamentos do dia, desfrutando da vista para a marina, os jardins, ou o lago. Nos quartos impera a madeira em tons claros, e nas suites os tons escuros e avermelhados, numa conjugação de bom gosto e bem-estar que contrasta suavemente e sem choque com a paisagem de verde e azul que reina lá fora.


No dia seguinte, enquanto as crianças se divertem no Koala Club, não há quem resista a manter o corpo em forma. Além do ginásio e do parque desportivo, que se pode transformar em campo de futebol, ténis ou basquetebol, espera-nos o Spa Blue & Green. É aqui que a filosofia desta “volta ao mundo” tem o seu expoente. Dividido em duas zonas – a azul (para banhos, duches e jactos...) e a verde (massagens e terapias que utilizam técnicas várias, do shiatsu ao reiki) –, este espaço coloca à disposição dos hóspedes uma ampla diversidade de tratamentos, com cabines que adoptaram o nome dos cinco continentes e massagens que lhe trazem os aromas, os toques e as essências originais (e originárias) de diversos locais do planeta. Na hora de partir, pode sempre passar pela boutique e comprar um pote de mel da região, chás, roupas marroquinas e uma peça de tapeçaria local. Ou então esqueça, como nós, o lado material, e leve consigo a singela recordação de um lago. Um lago num Algarve diferente, com vista para o resto do mundo.

The Lake Resort

Contactos:
Praia da Falésia, Vilamoura, tel. 289 320 700, fax 289 320 701, e-mail reservas@thelakeresort.com, http://www.thelakeresort.com/

Preços:
A partir de €145, até €399, com vista para a terra, jardim, mar ou vista panorâmica. As suites estão disponíveis a partir de €315, até €599. Qualquer das opções inclui pequeno-almoço.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

The City that never sleeps - Ep.1

Mais vibrante que nunca, Nova Iorque está de volta. Recuperada do 11 de Setembro, aceitou a sua vulnerabilidade, mas não parou e continua frenética, a abraçar o mundo, reinventando-se a cada segundo...

Nova Iorque é fascinante, a mais fascinante de todas as cidades. Porquê? Não sei [mas podem perguntar ao sortudo do Pedro, que já lá foi], diria que é uma questão de paixão e que qualquer avaliação racional deste sentimento viria aqui a despropósito. Caótica, barulhenta e poluída, não tem a imponência aristocrática de Paris, a beleza, a cor e a história de Roma ou a geografia, o clima tropical e o ritmo descontraído do Rio de Janeiro. Também não tem grandes monumentos, nem edifícios seculares e não é propriamente acolhedora. E, no entanto, seduz e vicia os nossos passos, atraindo-nos para o seu interior. Talvez sejam as luzes que ofuscam, a energia electrizante que se vive nas suas ruas, o desenfreado apelo ao consumo, a rapidez com que tudo se passa, o turbilhão de gente, a sensação de poder, de potência, de que ali tudo pode acontecer. Tentadora, a "maçã" atrai, deixa-nos saboreá-la e depois agarra-nos para sempre. Mas não será esse o mistério e encanto de uma paixão?

No coração de Manhattan

Passado o primeiro impacto, a sensação é de déjà vu. Por onde quer que andemos, tudo nos parece familiar, os táxis amarelos, o fumo característico que sai das condutas do metro nos dias frios, os edifícios, as fardas dos polícias... O certo é que já os vimos, já conhecemos quase ao pormenor alguns dos bairros, das cores, dos hábitos e dos movimentos da cidade, tantos foram os filmes aqui rodados.Comecemos pelos lugares comuns. Nova Iorque está cheia deles. A Quinta Avenida, ou se preferir, Fifth Avenue é um deles. Muito pouco original como sugestão de passeio, mas absolutamente obrigatória para qualquer turista que se preze, é uma espécie de centro nevrálgico do consumo para ondeconvergem multidões de passagem, às compras ou simplesmente atraídas pela sumptuosidade e brilho das lojas. Foi aqui que o milionário William Henry Vanderbilt construiu a sua mansão em 1883, seguido por famílias poderosas como os Astor ou os Gould. E foi também aqui que casas como a Cartier e a lendária Tiffany, a Gucci, a Fendi, a Prada, os armazéns Sak's Fifth Avenue o chiquérrimo Bergdorf Goodman e as mais populares (e baratas) Banana Republic e Gap estabeleceram os seus quartéis generais. E porque símbolos do poder não faltam na principal das avenidas, vai deparar-se com a cintilante Trump Tower, mandada construir pelo magnata Donald Trump nos anos 80 e com o Hotel Plaza, também ele um ícone do luxo ostentador.

Outro dos grandes marcos da Quinta Avenida e um dos lugares mais visitados de Nova Iorque é, sem dúvida, o Rockefeller Center. O primeiro complexo de edifícios do mundo a concentrar simultaneamente escritórios, lojas, restaurantes, entretenimento e jardins, foi construído entre 1931 e 1940 graças a John D. Rockefeller Jr. Hoje continua a merecer uma visita, especialmente em Dezembro, quando as iluminações de Natal são colocadas e o ringue de patinagem fica repleto de gente de todas as idades a deslizar ao som de músicas alusivas à época. Cenário mais turístico não há, mas este é um bom lugar para ir na primeira noite na cidade, é divertido e dá-nos a primeira picadela da serpente. Mal nos descuidamos, já estamos a trautear uma melodia e com vontade de patinar. É verdade, meus senhores, o "american way of life" contagia e depressa!

Estamos em Midtown, o centro de Manhattan, onde coabitam os mais importantes marcos da cidade e onde existe a maior concentração de diversidade arquitectónica única no mundo, com alguns dos arranha-céus mais inovadores e marcantes de todos os tempos. É impossível ignorar o edifício Chrysler, uma torre, também ela, art déco de aço inoxidável ornada com tampas de radiador, volantes, automóveis e gárgulas inspiradas num capot, construída para ser a sede, precisamente, da Chrysler; ou, um pouco mais a sul, o Empire State Building, o arranha-céus mais famoso de Nova Iorque (e do mundo) e que recentemente (após os atentados ao WTC) recuperou o título de mais alto. Acredite, vale a pena ganhar coragem, não perder a paciência nas filas, e subir até ao terraço de observação no 86.º andar onde Cary Grant esperou por Deborah Kerr em Affair to Remember. Outro dos locais de visita obrigatória para amantes de arquitectura e nostalgia cinematográfica é a Grand Central Terminal, a célebre estação de comboios que foi cenário de um beijo entre o fugitivo Gregory Peck e Ingrid Bergman no Spellbound de Hitchcock e onde, catorze anos depois, o mesmo mestre do suspense filmou North by Northwest. Inaugurada em 1913, a Grand Central foi projectada pela dupla de arquitectos Warren & Wetmore e transformou-se numa referência, porta de entrada e saída na cidade, recebendo diariamente um milhão e meio de pessoas. Até há bem pouco tempo escondida pela poluição, com o seu recente restauro - levado a cabo pela Beyer Blinder Belle, empresa responsável pela obra no museu de Ellis Island -, a Grand Central e o seu salão de tecto abobadado e grandes escadarias de mármore inspiradas nas da Ópera de Paris, recuperaram o seu esplendor neoclássico ao máximo.

Depois, aterre de olhos fechados em Times Square. Quando os abrir, vai acreditar estar dentro do Blade Runner, vai olhar para todos os lados e, entre a multidão que passa, o seu olhar vai dirigir-se para cima, em direcção às luzes e aos cartazes coloridos da Broadway. Vai parecer mesmo um turista recém-chegado tal a sua expressão de espanto, mas também pouco importa porque é impossível ficar indifente ao espectáculo e ninguém vai reparar em si. Edifícios altíssimos, cartazes e néons que iluminam a noite escura, várias músicas de fundo, um cowboy sem roupa, mas de guitarra em punho, um baterista à procura do sucesso, uma sirene pelo meio... Compre a Time Out, decida-se por um musical ou prossiga o seu caminho, a dançar...

Histórias da Village

Logo depois do Empire State e seguindo até Madison Square, damos de caras com o Flatiron Building, um dos mais fantásticos prédios nova-iorquinos. Construído em 1902, inaugurou a moda dos arranha-céus e tornou-se polémico porque todos achavam que iria ser derrubado pelas correntes de vento provocadas pela a sua original forma triangular. Marca a entrada no Gramercy e Flatiron District. A Union Square, onde Andy Warhol tinha a sua "Fábrica", fica logo ali ao lado, recebe um animado mercado semanal, com venda de fruta e legumes, e tem vindo a transformar-se num dos novos locais da moda, em parte graças à abertura do novo W Hotel. Entramos em Greenwich Village, que os nova-iorquinos há muito baptizaram apenas de "Village". Aqui começa uma outra Manhattan, com uma arquitectura muito própria, de prédios baixos, praças e pátios arborizados, mais acolhedora, descontraída e boémia, mas não menos vibrante.

Ocupando a área envolvente entre a rua 14 e a Houston Street, a Village original fica na zona West e possui a aparência de bairro residencial, com prédios de tijolo vermelho, ruas ladeadas de árvores, pequenos jardins, muito cuidados, uma autêntica vila dentro da grande metrópole. Do lado oposto, East Village roubou-lhe o título de bairro fashionable, ex-perimental e eclético. Inicialmente habitada por irlandeses, polacos, ucranianos e porto-riquenhos, tem sido também albergue de escritores, actores e músicos independentes, o mesmo é dizer alternativos e fora do sistema. Aqui cresceu a cultura punk e surgiram teatros e galerias que privilegiam a arte experimental. Mais a leste, a Alphabet City, assim baptizada porque as ruas têm o nome das primeiras letras do alfabeto foi a última área decadente a ser revitalizada. O que noutras cidades é underground faz parte do quotidiano deste bairro, onde cyber-punks, drag queens, body-piercing e dealers convivem com estudantes, publicitários e modelos. Ficam aqui alguns dos bares e restaurantes mais disputados de Nova Iorque, clubes e discotecas com moradas secretas, onde apenas entram os ultra cool e se vendem todas as substâncias e todos os devaneios que possa imaginar...Chelsea, para onde fugiram as galerias de arte mais importantes após a invasão burguesa do SoHo, é outro dos bairros trendy de NY. Pelas ruas 20 e 26, entre a 10.ª e a 11.ª avenida, vive uma comunidade criativa que tem como cabeça de cartaz o Dia Center for the Arts (548 West 22nd St.), um centro (alojado desde 1981 numa fábrica desactivada) onde expõem os nomes mais famosos e promissores das artes plásticas contemporâneas.

A boa vida do SoHo

Há muito que deixou de ser um bairro vanguardista, mas o SoHo - um acrónimo de South of Houston -, a sul de Greenwich Village, é uma espécie de sonho americano concretizado. Uma velha e decadente zona fabril, estava para ser demolida na década de 60, quando alguns visionários lutaram pela preservação da singular arquitectura industrial dos seus edifícios, cujas escadas de incêndio são verdadeiras esculturas de ferro forjado. Abandonado o plano inicial, durante os anos 70, artistas ocuparam os imensos lofts (grandes espaços sem paredes internas), transformando-os em ateliers. Uma animada cena artística, com galerias, lojas, restaurantes e cafés ocuparam o local e, num ápice, o SoHo transformou-se na última moda, atraindo mais e mais gente, e muito dinheiro.

Aqui nasceu um novo estilo de vida, a moda chique de viver em lofts, cujos preços chegam a atingir um milhão de dólares. As principais marcas, os melhores designers e os estilistas mais em voga têm loja neste bairro, que, nos últimos cinco anos, se transformou num centro comercial de luxo ao ar livre - emoldurado a norte pela Houston Street, a sul pela Canal Street, a Este pela 6.ª Avenida e a oeste pela Lafayette St. -, um verdadeiro paraíso para os consumistas, mas onde o comum dos mortais apenas pode fazer window-shopping. Quase todas as lojas, cafés, restaurantes e hotéis são de perder a cabeça, desenhados por arquitectos de renome e decorados por badalados designers de interiores. Os preços são exorbitantes, principalmente se quiser viver aqui. Custa muito caro um pequeno lugar ao sol num destes prédios coloridos com fachadas de ferro forjado e janelas amplas, a deixar ver cá debaixo, da rua, um pouquinho do sonho que será viver num loft nova-iorquino...

Flatiron Building, o primeiro dos arranha-céus da cidade, célebre pelo seu formato triangularTanto luxo e, logo ali, a dois passos, no sul do SoHo, fica a maior cidade chinesa do Ocidente: Chinatown, hoje com 80 a 150 mil habitantes, uma comunidade estrangeira em expansão tão grande que já se confunde com a vizinha Little Italy e o bairro judeu de Lower East Side. A Canal Street, com as suas bancas de rua, que vendem falsificações de carteiras, relógios e roupas mantém--se como pólo de atracção para turistas menos abastados que tentam descobrir preciosidades no meio da confusão.

Rumo ao Ground Zero

Dois passos mais para sul e estamos na Lower Manhattan e no Financial District, que alguém já apelidou de capital financeira do mundo. E se tem dúvidas sobre o poder que o dinheiro tem por estas bandas, então guarde mais um fôlego da caminhada para ver de perto o aspecto de fortaleza que tem o Federal Reserve Bank Building, na Maiden Lane. Existe mais ouro dentro daquelas paredes do que em qualquer outro lugar no mundo... dá para imaginar? Depois, e para ter uma ideia global desta zona, onde principalmente se ganha e perde dinheiro, caminhe pela celebérrima Wall Street até à porta da New York Stock Exchange, a Bolsa de Valores, e do Federal Hall, onde George Washington foi empossado presidente dos Estados Unidos, em 1789. Logo em frente, fica a Trinity Church, uma das mais antigas paróquias anglicanas do país. Curiosamente, foi aqui, no coração financeiro da cidade, que nasceu Nova Iorque e, precisamente, de uma transacção, quando, em 1626, o holandês Peter Minuit realizou um dos mais célebres negócios imobiliários da história, ao comprar a ilha de Man-a-hatt-ta aos índios algonquianos, com bugigangas no valor de 24 dólares!Mas deixemo-nos de rodeios porque, actualmente, quem visita Lower Manhattan, apenas tem a destruição do World Trade Center na mente. Basta andar uns metros desde Wall Treet para chegar à St. Paul Chapel, na Broadway, que se tornou o local de homenagem às vítimas do 11 de Se-tembro, com a sua vedação completa-mente coberta de posters, bandeiras, cartas, flores e todo o tipo de testemunhos.

ps: Nova York, a cidade que nunca dorme, volta no próximo mês, com o seu fascínio. Até lá...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sugestão de leitura

Hoje, excepcionalmente, não se destaca neste espaço um livro, mas sim uma sugestão mais ampla, mais global: ler Sophia de Mello Breyner Andersen. Antes que o leitor menos atento torça o nariz em sinal de desagrado, perguntando entredentes o que a poetisa tem a ver com a literatura de viagens, convêm ler atentamente o resto do artigo até ao fim...

A temática da viagem é uma das mais frequentes (e também das mais antigas) na literatura portuguesa e não só. Para o comprovar, basta que recordemos textos como a Odisseia de Homero, a Divina Comédia de Dante, o Dom Quixote de Cervantes, Os Lusíadas de Camões, As viagens de Gulliver de Jonathan Swift, alguns textos dramáticos de Gil Vicente, As viagens na minha terra de Almeida Garrett e mais recentemente encontramos romances de Saramago, Lobo Antunes, Fernando Campos, Rebordão Navarro, Vergílio Ferreira, entre muitos outros. Há mesmo quem afirme que a viagem é um tema omnipresente na literatura, mesmo em textos onde não existe uma deslocação física da personagem. Aliás, a este respeito, basta que nos recordemos que a própria actividade de escrita do texto (e a de leitura que lhe está subjacente) já pode funcionar como uma viagem no universo das palavras.

A literatura de viagens está fortemente ligada, no caso da literatura portuguesa, a um contexto histórico-social específico que foi o das grandes navegações e descobertas dos portugueses, ocorridas sobretudo durante os séculos XV e XVI. Nesta medida, é natural que os textos relativos a esta época funcionem, ainda nos dias de hoje, como o grande intertexto da literatura de viagens contemporânea. Assim, não se pode falar de literatura de viagens sem, de uma forma directa ou indirecta, aludir à epopeia camoniana, ao texto de Fernão Mendes Pinto, à História Trágico-Marítima, para referir só três exemplos.

Na obra de Sophia de Mello Breyner, que para alguns será mais conhecida do que para outros (confesso que só à relativamente pouco tempo comecei a ler a autora), possível encontrar referências claras quer a viagens que implicam uma deslocação física, quer a viagens de índole espiritual ou metafísico. Aliás, esta autora, sempre que isso lhe é possível, une muitas vezes esses dois tipos de viagem, atribuindo a este conceito uma nítida função simbólica. Não pretendendo, de forma nenhuma, tornar a leitura deste pequeno espaço num martírio para quem nos acompanha regularmente, deixo apenas dois exemplos (excelentes, por sinal) da junção da qualidade, intrínseca a toda a obra da poetisa, com o tema de viagens, o santo graal do nosso blog:

- O Cavaleiro da Dinamarca, uma viagem de peregrinação e de elevação espiritual, onde o cavaleiro do título, habitando numa floresta dinamarquesa, parte em peregrinação à Terra Santa, passando ainda, após uma série de peripécias, por Génova, Florença, Veneza e Ravenna.

- Saga, um pequeno conto que retrata a vivência de Hans, o protagonista e aventureiro, que realiza viagens pela costa brasileira, africana e pelo oriente, incapa no entanto de realizar a aparentemente mais sumples de todas: a de regresso à terra que o viu nascer...

Ficam as sugestões, diferentes do habitual, é certo, mas comprovando que o tema "viagens" não se esgota naqueles livros "light", onde são debitados meia dúzia de lugares-comuns. Interessa frisar que mesmo autores consagrados fizeram das "viagens" temas de contos, histórias e livros, numa prova evidente que o género em questão não pode ser considerado menor, perante outros.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Guia da boa vida - Outubro

Neste mês de Outubro, a sugestão do guia da boa vida é algo diferente. Diferente até no preço. Não está ao alcance de qualquer bolsa. Mas, atendendo ao luxo, ao nome envolvido e ao glamour a ele associado, fica aqui a dica para uns dias passados no Algarve, região de Portugal agora alvo de enorme promoção em terras britânicas com o sugestivo título de "Allgarve". Bonito, não é? Ainda vão considerar aquilo um feudo inglês, não tarda nada, acreditem no que vos digo. Mas é lá que estão concentradas algumas das melhores escolhas para uma estadia paradisíaca, daquelas capazes de rejuvenescer corpo e alma. Neste Outubro tão cinzento e chuvoso, nada melhor do que uma fuga à rotina quotidiana e fugir uns dias para sul, migrando em direcção ao sol, bom tempo e o não fazer nada, tão do meu agrado. Lá, num dos locais mais belos do sul, abriu recentemente, com a devida pompa e circunstância, o primeiro hotel da cadeia Hilton. O Hilton Vilamoura as Cascatas, promete um serviço sumptuoso, ao abrigo da reputação mundial da celebérrimas cadeia.

O Hilton Vilamoura tem, como não podia deixar de ser, um serviço sofisticado, com o requinte adequado às cinco estrelas orgulhosamente exibidas na sua fachada. O edifício, voltado para uma piscina com a cascata que lhe dá o nome, é ainda envolvido por um jardim, povoado de palmeiras, introduzindo uma sugestão de exotismo às férias. O Hotel inclui ainda um Spa, um Golf Resort, apartamentos T1, T2 e T3, para venda [é aproveitar, caro leitor] e um Vacation Club, que não é mais do que apartamentos turísticos, onde o cliente pode beneficiar de todas as mordomias do Hotel.

nota: Não consta é que, caso aceda à sugestão, se cruze nos corredores do Hotel com a "reguila" da família, Paris Hilton. Apesar de convidada para a inauguração, a socialite americana fez valer a sua reputação de "enfant terrible", exigindo um chorudo pagamento para se deslocar a Portugal. Nem por isso o hotel deixa de ter os seus encantos, aposto...

nota2: A cadeia Hilton não pára. Na zona de Vale do Lobo, está já em construção um novo hotel da marca, desta feita na vertente de super-luxo. Se o leitor acha que os 5 estrelas são o topo, está enganado. Portugal vai receber, no Verão de 2009, o seu 1º hotel de 6 estrelas. O Hilton, detentor da marca Conrad, abrirá portas neste cantinho à beira-mar plantado, numa aposta arrojada para o mercado luso. Dentro do género, existem apenas 14, no mundo inteiro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Milano by Renata Ristori

Cidade Italiana, com 3,9 milhões de habitantes, é a capital da província de Milão, situada entre os Alpes e o vale do rio Pó, na região da Lombardia, no Norte do país.

Milano (em italiano) é a segunda maior cidade da Itália, depois de Roma, e talvez a mais moderna. Ponto comercial estratégico desde a Idade Média, Milão foi também um importante centro cultural durante o Renascimento Italiano. Actualmente é o maior parque industrial da Itália, atraindo profissionais, turistas e consumistas de plantão, sedentos pelas mais famosas grifes e as últimas tendências da moda.
Quem se arriscar a conhecer vai encontrar uma agitada vida nocturna, bons museus e várias igrejas, incluindo a gótica mais antiga do país. Milão ou Milano é a cidade mais rica do sul europeu, localizada ao norte da Itália a apenas 52 Km da fronteira com a Suíça. Cidade internacional da moda e do design, onde existem as melhores escolas de design do mundo. É uma cidade muito antiga com mais de 2500 anos e possui diversas atrações:

Duomo: É a catedral da cidade, uma das maiores construções religiosas da europa que demorou mais de 800 anos para se finalizada, localizada no centro da cidade. A entrada é grátis, paga-se apenas se forem visitados os museus internos ou para subir no seu topo. O valor é de 5000 liras para subir ao terraço (cerca de 5 reais) e 2000 para o Museu. Do alto do Duomo tem-se uma belíssima visão da cidade que é cercada por montanhas de gelo eterno podendo serem vistas com bom tempo.
Para quem deseja visitar o Duomo, lembre-se: nada de bermuda ou camisas sem manga e para as mulheres nada de saia curta, ou qualquer roupa que deixe as costas, ombros e coxas nuas! Aliás esta dica estende-se a todas as igrejas da Itália, e também no Vaticano.

Galeria Vittorio Emanuelle: Situa-se ao lado do Duomo e é uma das mais famosas galerias que todos os dias é tomada por bandos de turistas, principalmente japoneses.
San Babila: Elegante parte central somente para pedestres (via Vittorio Emanuelle), onde se localizam algumas das lojas mais famosas e chiques do mundo. Uma dica ao viajante é de evitar toda essa zona central para fazer qualquer tipo de alimentação pois custa os olhos da cara. Saiba que em pontos turísticos da Itália você além de pagar mais caro, paga ainda por estar sentado e o famoso coperto, que é a toalha da mesa e guardanapos, além de couvert se houver alguém tocando.
Castelo Sforzesco: É um enorme castelo a alguns passos do Duomo seguindo pela via Dante. A entrada é grátis e dentro existem vários museus (da cidade e da música) ambos com entrada franca e mais outros museus.

Bares Noturnos
O centro possui a Via Brera onde estão localizados inúmeros Pubs e bares para se sair a noite. Existe o bairro Navigli, que tem a maior concentração de bares, boates e Pubs de Milano. Situado as margens dos dois canais (Naviglio Grande e Naviglio Pavese) que foram projetados por Leonardo Da Vinci para que se trouxessem pedras oriundas de longe para construção do Castelo e do Duomo, além de servir de fosso que contornava a cidade e o castelo nos tempos medievais, pois como ainda se pode conferir a cidade era cercada por muros e portas de entrada. As portas ainda existem em sua maioria mas o muro pode ser melhor visto na Viale A. Filippetti próxima a Porta Romana. Apesar de não ser um ponto turístico vale a pena conferir pra quem curte um pouco de história.

Antiguidade

Por falar em história pode-se visitar uma antiga rua romana original. Por incrível que pareça ela fica na estação de Metro do Duomo, onde as escavações para construção do mesmo foram mais profundas e por isso encontrada esta relíquia. A estação é um pouco um labirinto, mas descendo até a linha amarela você encontrará esta rua romana.



Milano oferece muito mais, mas ainda é uma cidade mais industrializada que turística.
Nos próximos meses o Post do Viajante vai até Franckfurt e depois ao Amazonas! Até lá!!!!
Contamos convosco para os meses seguintes!!!!